domingo, 30 de junho de 2013

Medicina Tradicional Chinesa com seus fundamentos e a necessidade de incluí-la na construção da saúde no mundo atual

Dr. Gutembergue Livramento

*Especialista em Medicina Tradicional Chinesa (China/Brasil/Europa).                                               *Mestre em Medicina e Saúde Humana (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública EBMSP).                *Diretor/Presidente do IBRAPEQ (Instituto Brasileiro de Ensino e Pesquisa em Qigong e Medicina Chinesa).

Com abundantes fontes de material de ervas terapêuticas chinesas (12.807 tipos) e mais de 100.000 fórmulas patenteadas, há grande espaço de desenvolvimento para novas drogas ou produtos de cuidado com a saúde com potencial aumento de mercado. As drogas naturais representadas pelos produtos médicos chineses têm começado a se tornar popular no mundo. O volume de negócios anuais ultrapassa a 30 bilhões de dólares, dados de 2008. A estimativa é que o mercado dobre nos próximos anos. É também uma nova tendência a substituir drogas químicas de laboratório por drogas naturais, e isto também será um importante valor da MTC no desenvolvimento moderno.

No Brasil a ANVISA já busca as formas mais eficazes para a liberação do comércio da Fitoterapia chinesa. Teremos um movimento contundente da Farmacologia/Fitoterapia chinesa no Brasil e no mundo. É a mesma tendência mundial para a regulamentação da Acupuntura que também está em tramitação em nosso país e estes fatos potencializarão o crescimento da MTC no Brasil e no mundo. Que as Universidades públicas invistam em pesquisa e desenvolvimento assim como no ensino da MTC no Brasil e façam parcerias acadêmicas com efetividade com Universidades chinesas e outras com grande potencial de conhecimento e formação para o adequado aperfeiçoamento profissional. A maioria das parcerias feitas hoje em dia entre instituições chinesas e ocidentais (incluindo brasileiras) apenas beneficiam os cursos de formação com estes “chamados para conhecer a China” mas, não há grande valor de ensino profundo da MTC favorecendo basicamente aos alunos conhecerem superficialmente o berço da MTC. Que possam existir Universidades sérias na formação profissional no Brasil e termine de uma vez por todas a insanidade e vergonha da guerra de controle da MTC pelas entidades de classe de conselhos de saúde. É preciso oferecer ao povo uma MTC de respeito com profissionais muito bem formados. Ainda estamos longe desta formação adequada, pois, com o controle da formação dos profissionais de saúde pelos seus conselhos gerou uma colcha de retalhos do conhecimento da MTC tornando-a frágil. O primeiro passo para reconstruir este conhecimento de forma eficaz é reconhecer que o conhecimento da maioria dos profissionais do Brasil, profissionais de saúde e técnicos, está fragmentada e muito aquém da verdadeira Medicina Chinesa. Creio sinceramente que se deixarmos os interesses financeiros e de reserva de mercado o Brasil será uma das grandes potencias da MTC no mundo, desde que seus profissionais decidam buscar um conhecimento sério e validado em instituições e profissionais que possam realmente oferecê-lo, na atualidade ainda carente no Brasil. Para exercer uma boa Medicina Chinesa é importante saber o conteúdo profundo da Medicina Chinesa como é na China há pelo menos 5.000 anos. 

Se houver formação adequada por Universidades competentes com a regulamentação da profissão no Brasil, como já acontece em vários países do mundo, na América do sul iniciado o processo pelo Chile e Argentina, já não mais importará a formação pregressa deste profissional, fato que ainda hoje é moeda de constrangimento pelos manipuladores separando os profissionais em técnicos, médicos e profissionais de saúde não-médicos.  O Brasil não pode esperar mais sem a regulamentação profissional para entrarmos em outra era de crescimento para a MTC. Para isto todos os profissionais, independente de sua origem acadêmica, precisam se unir para construir este processo sem preconceitos, pois no final o mais importante será a formação do profissional em termos de Medicina Chinesa para atender Medicina Chinesa. Para atender Clínica médica ocidental teremos os médicos ocidentais; para reabilitar função de órgãos, tecidos moles e ossos, cinesioterapia, posturologia, teremos os fisioterapeutas; para avaliar e tratar processos dentários teremos os odontólogos; e assim por diante com todas as 14 categorias de saúde; então para tratar tendo como referência a MTC teremos os profissionais bem formados em Medicina Chinesa. Há espaço profissional para todos e todos são muito importantes desde quando sejam peritos estudiosos em sua área de atuação. Assim como as carreiras de saúde no ocidente o profissional de Medicina Chinesa poderá ser formado do zero de conhecimentos fazendo toda uma formação independendo sua profissão anterior ou se apenas começou a se profissionalizar naquele momento. Claro que os cursos de formação em MTC estarão também ensinando todo conhecimento de Fisiologia médica, anatomia, biofísica, biologia celular, microbiologia, parasitologia, fisiopatologia, parasitologia, histologia, pois estes conhecimentos não são somente ocidentais e sim universais. Não podemos ignorá-los. Assim como um dia os profissionais no ocidente entenderão que os conhecimentos originados das medicinas orientais, indígenas, populares regionais, africanas, incas, maias, também são conhecimentos universais e quebrem o paradigma vigente e comecem absorvê-los, pois construiremos uma medicina realmente integrada objetivando a cura do SER quanto aos seus aspectos espirituais, mentais, físicos, celulares e bioquímicos. Estaremos mais próximos da VERDADEIRA medicina integrada pela necessidade daquele que busca ajuda. A população de todo o mundo se beneficiará. Isto é o que importa no final; Poder gerar saúde e bem estar para TODOS. O conhecimento e atendimento deverá ser multi e transdisciplinar.

Apesar de buscarmos incessantemente a regulamentação profissional da Medicina Chinesa/Acupuntura e a construção e fortalecimento dos PNPICS (programas nacionais de práticas integrativas e complementares) devemos também estar atentos à formação profissional. Havendo a regulamentação teremos universidades no Brasil em Medicina Chinesa e Acupuntura assim como o pleno exercício destes profissionais no SUS. Quem serão estes professores universitários que serão os responsáveis para esta classe de profissionais? Qual a formação e qualidades destes? Temo que se as Universidades Públicas montarem estes cursos teremos um grupo de mestres e doutores, pesquisadores, à frente deste processo. Por um lado isto é muito bom, mas correremos o risco de imperar o foco do pensamento clínico e de pesquisa do modelo ocidental que não atende a demanda e necessidades dos conhecimentos fundamentais da Medicina Tradicional Chinesa. Por outro lado se estas universidades forem montadas com o dinheiro de particulares os professores tenderão a seguir o conhecimento da escola que montou o curso. Hoje no Brasil as escolas têm, em sua grande maioria, um conhecimento repartido e pouco aprofundado do conhecimento verdadeiro da MTC. Vários professores com cursos de acupuntura sistêmica, aurículo-acupuntura, acupuntura abdominal, crânio-acupuntura, fitoterapia, tuina, dietoterapia, Qigong e mais diversos outros conhecimentos sem um eixo profundo da Medicina Tradicional Chinesa, pois foi assim que a Medicina Chinesa foi montada no Brasil. Quem tinha aprendido alguma coisa montava uma escola e chamava um grupo de professores, também com pouca/alguma informação e assim as escolas surgiram sem uma raiz adequada de formação e estrutura do paradigma chinês em sua essência. Os melhores livros somente começaram a chegar a partir dos anos 90 deixando mais evidente o pouco que se sabia sobre uma aprofundada MTC. No final dos anos 90 grupos profissionais médicos começaram a tentar ludibriar a sociedade dizendo que na China somente médicos com conhecimentos ocidentais faziam MTC. Absurdo sabendo todos nós que os fundamentos da MTC se desenvolvem a pelo menos 5.000 anos e o entendimento nosológico ocidental a menos de 200 anos. Chega ser ridículo. 
Desformataram completamente a MTC criando uma acupuntura que não existia anteriormente, basicamente para tratar dor, sem diagnóstico de diferenciação de síndromes, mas era (e ainda é) teimosamente oferecida a sociedade como a única acupuntura válida. Chamada de Acupuntura médica. O que temos é acupuntura Chinesa com pequenas variações em Japão, Vietnam, Coréia e ampliação da leitura clássica como a acupuntura bioenergética e outras, e não reducionismos absurdos desqualificando a essência da MTC como acupuntura médica, acupuntura fisioterápica, acupuntura odontológica, etc. Não é o fato de ter uma agulha na mão que faz um profissional acupunturista, mas sim o seu conhecimento profundo dos alicerces clássicos e tradicionais e discernimento clínico. O problema é chamar estas aberrações de Acupuntura. Poderá ser chamada de agulhamento para fins do uso médico ocidental ou algo assim. Mas não teria marketing, então somos obrigados a ouvir estes absurdos desqualificando a verdadeira acupuntura. 
Houve guerra com outros profissionais taxados por aqueles como não-médicos e prevaleceu o bom senso em detrimento à intenção de reserva de mercado atestando o supremo tribunal de justiça no Brasil mantendo o exercício profissional para todos os profissionais formados em escolas adequadas. Mas quando se fala em dinheiro e mercado a “guerra” ainda continua nos bastidores mesmo a UNESCO tendo colocado a Medicina Chinesa/Acupuntura como patrimônio da Humanidade sendo que nenhuma classe profissional pode tomar para si seu exercício. Se todos estivessem pensando no bem estar da população estaríamos todos preocupados na formação profissional de todo praticante da Medicina Chinesa/Acupuntura, pois a formação pregressa não interfere positivamente na adequada formação de um profissional da MTC. Já negativamente é bem provável, pois quanto mais cartesiano, materialista e linear for a formação anterior do profissional mais longe estará este do paradigma médico chinês.

O grande problema é que instalando uma Medicina Chinesa no ambiente público, como atendimento no SUS, estes profissionais serão cobrados para mostrar resultados com a Medicina Chinesa como aqueles preconizados em ambientes chineses registrados pela OMS. Será que os profissionais de MTC têm hoje a formação adequada para atender pacientes acamados, crônicos com diversas co-morbidades em ambiente do SUS independente se este profissional tenha a formação ocidental em medicina, fisioterapia, biomedicina, odontologia e outros? Os cursos atualmente formam, em sua maioria, com conhecimentos superficiais em clinica médica em MTC para ser suficiente o praticante começar a atender em clínicas ou em ambulatórios onde o paciente chega com acometimentos, em geral, sem grande gravidade. Para atender pacientes graves com a Medicina Chinesa é fundamental obter uma formação profunda em semiologia, propedêutica, diferenciação de síndromes e clínica médica em Medicina Chinesa. Caso contrário a MTC será utilizada apenas como método secundário/complementar como é utilizada hoje em muitos hospitais. Muito deste uso apenas como complementar vem da deficiência do profissional em dados de formação que citei anteriormente.

Então devemos nos ater ao mesmo tempo em elaborar planos para a implantação da MTC/Acupuntura no SUS e regulamentação da profissão, mas, ao mesmo tempo, buscar mecanismos para uma formação acadêmica adequada pois todos nós precisamos melhorar para chegar a um nível de excelência para oferecer em ambiente do SUS uma medicina chinesa capaz de atender a uma demanda com qualidade permitindo ser uma terapêutica fundamental e não apenas alternativa ou complementar, mas sim, INTEGRATIVA.  

Uma sugestão para fortalecer o conhecimento da profunda clínica médica em Medicina Chinesa é fazer parcerias institucionais sérias entre Universidades brasileiras e Chinesas fazendo intercâmbios de alunos e professores fiscalizados pelo governo brasileiro e chinês no nível da graduação e pós-graduação. Desenvolver projetos lato sensu de especialização e stricto sensu de mestrados e doutorados entre as universidades chinesas e brasileiras com certificação válida em ambos os ambientes acadêmicos dos países em questão. Facilitaria ter alunos e professores que pudessem se comunicar em mandarim e português sendo esta qualificação oferecida  em ambas as universidades chinesas e brasileiras. As parcerias que são feitas hoje não têm fiscalização dos governos e são com fins comercias, em sua maioria, sem grande objetividade acadêmica e sem validação dos certificados nem na China nem no Brasil para o meio acadêmico. Todos voltam contentes por ter conhecido a China (sua muralha, templos, cidade proibida, etc) e terem visto algo da MTC in locu, mas com conhecimentos pífios na bagagem em termos de MTC de verdade.

Percebo que é comum em todos os eventos que tenho participado nos últimos anos, principalmente congressos de Medicina Tradicional Chinesa (MTC) na própria China, a participação de várias instituições internacionais de MTC, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e as maiores universidades chinesas de MTC como as de Beijing, Shanghai, Yunnan, Guangdong, Chengdu, Nanjing, dentre outras. Todos discutindo as diretrizes da expansão da MTC pelo mundo. Há uma necessidade intensa e real que esta terapêutica siga seu rumo de crescimento para apoiar a saúde em todo o mundo. É necessário agir eficazmente no tratamento das patologias crônicas para a saúde impactando também a economia no mundo moderno. Apesar de conceitos antigos a MTC é a medicina mais atual em termos de atender as necessidades fundamentais de uma nova sociedade que clama e traz os conceitos de uma saúde mais abrangente bio-psico-social, onde o homem transforma o meio e é transformado por este também expandindo este conceito para a saúde e bem estar, como sua meta de atuação para o século XXI e vindouros. A MTC traz em seu conteúdo uma experiência riquíssima de pelo menos 5.000 anos de história quando vem se desenvolvendo a cada século a passos largos, mesmo com as invasões estrangeiras na China no século XIX. É ao mesmo tempo uma Medicina antiga e uma Medicina jovem onde seus fundamentos podem ser apoiados pela modernidade da física quântica e vibracional e por pesquisas mostrando sua eficácia terapêutica e conceitual, ao mesmo tempo apoiadas pela filosofia milenar chinesa para além dos preconceitos de um novo paradigma e a pressão do lobby político e econômico da Medicina Ocidental e indústria farmacêutica. Uma das grandes discussões sempre feita em congressos mundiais de MTC é sobre a formação profissional adequada, dentro e fora da China, pois com o desenvolvimento desordenado em cada país, na China se reordenou pós 1950, muito do conhecimento genuíno, a Medicina Chinesa Clássica, ficou para traz ou por não conseguir ler em chinês nem ter mestres para interpretá-los adequadamente, por interesse comercial de cursos de formação e entidades de classes de saúde, muitos livros e citações foram deturpadas e reconstruídas sob a luz do paradigma ocidental, pois era mais fácil para todos. 
Criaram-se termos absurdos como “acupuntura médica”, tentativa separatista, que é uma dissidência dos caminhos da verdadeira acupuntura com diagnóstico nosológico da Medicina ocidental fato que nunca aconteceu na China com a Medicina Chinesa Clássica. A Medicina Chinesa necessita de diagnóstico da Medicina Chinesa; A Medicina Ocidental necessita de diagnóstico nosológico da Medicina Ocidental. Sempre será assim para que estas medicinas floresçam em sua plenitude devem respeitar seus paradigmas. É muita pretensão e desrespeito praticamente ignorar o diagnóstico médico chinês, que funciona há 5.000 anos sem grande tecnologia, para acreditar que se deve ter diagnóstico ocidental nas práticas chinesas; absurdo. Além de inconsistente é uma prática utilizada para gerar espaço profissional para um grupo de profissionais de saúde, conselho de Medicina ocidental, com seu mercado comprometido por insuficiência de resultados nas patologias crônicas, que são grande foco de tratamento pela OMS; Simplesmente querem uma reserva de mercado. É importante compreender que a Medicina convencional ocidental tem um papel fundamental na saúde e, pelo seu conceitual, sempre será insubstituível em um evento agudo e outros quadros específicos, mas a MTC tem um grande espaço no tratamento global e em eventos crônicos e há grande demanda e necessidade no mundo atual para esta medicina. Para o real crescimento da MTC precisamos reaprender e re-ensinar profundamente os fundamentos médicos chineses, aprender a filosofia e o idioma se possível, chegar mais perto de sua cultura e entender seus paradigmas. Apesar de termos que promover, sem dúvidas, alguma modernização cuidadosa para adequar à cultura mundial atual. Este tópico discutiremos em outra oportunidade.

Como a maioria dos profissionais ocidentais não têm acesso aos textos chineses traduzi aqui a seguir alguns trechos do Dr. Shang Li da Universidade de Shanghai, grande mestre, do texto “Guia de Cultura da Medicina Tradicional Chinesa” 中医文化导读 (Zhongyi Wenhua Daodu) para fortalecer nossos conhecimentos.
 A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e a Medicina Ocidental (MO) são duas diferentes modalidades terapêuticas com diferentes bagagens históricas e culturais.
A MTC se origina da sociedade antiga chinesa tão bem quanto o pensamento acadêmico antigo chinês, e, portanto recai na categoria de ciência oriental e tradicional.  A Medicina Ocidental, contudo, se origina da ciência ocidental moderna e contemporânea e associa de forma contundente com epistemologia e ciência assim como progresso tecnológico desde o Renascimento Europeu dos séculos XV e XVI. A grande diferença entre a filosofia chinesa e ocidental está na visão de mundo e na metodologia de pesquisa onde se apoiam a MTC e a MO. Por isso a visão extremamente diferente entre a saúde e a doença, especificamente da vida, diagnóstico clínico, plano de tratamento, fundamentação teórica para a educação acadêmica e como conduzir as pesquisas de sua eficácia.
Isto tudo traz uma significante perspectiva para a saúde humana e desenvolvimento médico para que a humanidade possa se beneficiar das diferentes características e como consequência absorver as vantagens e limitações de cada medicina na construção da medicina do século XXI.
A MTC tem como base a Cultura Tradicional Chinesa (CTC) e explica todos os processos fisiológicos e patológicos sob a visão da antiga filosofia utilizando-se do Taoísmo, Confucionismo, Yi Jing (Livro das Mutações) e mais tarde o pensamento Budista gerando as teorias do Yuan Qi (Energia Primordial), Yin-Yang e cinco movimentos (A retração do metal, a descendência da água, a expansão da madeira, a ascendência do fogo e a nutrição da terra).
Como explica o professor Shang Li da Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Shanghai: Lidera a visão antiga chinesa a teoria do Yuan Qi (元气), Qi primordial, que mostra que a origem do cosmos é uma entidade simples e inseparável (Caos) como a citação “O primeiro aspecto era o Caos, o Yuan Qi começa a separar o Céu e a Terra” (de “Lun Heng – Tan Tian” um capítulo de um livro escrito por Wang Chong da dinastia Han oriental), e “O Yuan Qi constitui o Caos” (de Wen Xuan – Qi Fa” outro livro antigo). Hoje em dia as teorias incluem os quatro aspectos seguintes: Primeiro de tudo, Qi é a origem de tudo no Universo, como a citação “Yuan Qi é a raiz de tudo na Terra e o Qi existia antes da separação do Céu e da Terra” (de “Chun Qiu Fan Lu – Yu Ying” um capítulo de um livro escrito por Dong Zhongshu da dinastia Han ocidental). Em segundo, Qi é um tipo de substância em constante movimento, o qual é explicado como “Quando o Qi inicia, coisas começam a transformar e produzir; quando o Qi move, coisas começam a crescer, quando o Qi se expande, coisas começam a reproduzir, e quando o Qi acaba, coisas começam a morrer” (de Su Wen – Wu Chang Zheng Da Lun” um capítulo do Huangdi Nei Jing). Em terceiro, Qi é a essência que conecta o fenômeno, explicado por “O Qi conecta todas as atividades na Terra” (de “Zhu Zi Yu Lei” terceiro volume de um livro escrito por Zhu Xi da dinastia Song). E finalmente, Qi é um meio de indução mútua, explicada em “Coisas com a mesma natureza podem conectar ou induzir uma as outras” (de Lun Heng – Ou Hui” um capítulo de um livro escrito por Wang Chong da dinastia Han oriental).
O professor Shang Li continua sua aula explicando que o Yin e Yang (阴阳) é um conceito da filosofia antiga chinesa. Originalmente Yin e Yang eram usados para se referir a coisas em frente ou contra o sol, mais especificamente, aquilo que estava a favor do sol é considerado Yang e o que estava contra o sol, na sombra, é Yin. Gradualmente Yin e Yang foram usados para representar dois aspectos de oposição, consumo, suporte e interdependência existente em todas as coisas do Universo. Segundo Lao Zi (que escreveu o livro Dao De Jing e é considerado fundador do Taoísmo) disse que “tudo no universo abraça o Yang e carrega o Yin nas costas” mostrando os aspectos opostos: costas e frente. Acredita-se que a teoria Yin Yang é o fundamento inerente para as mudanças no mundo, quando o Yin Yang se interagem fazem o mundo produzir, desenvolver e mudar. O Yi Zhuang (livro que explica o Yi Jing) afirma que “a reação entre um Yin e um Yang é chamado de Dao”. O “Su Wen – Yin Yang Yin Xiang Da Lun (o quinto capítulo do Su Wen)” também afirma que “Yin Yang são a origem da mudança e transformação de tudo na Terra”.
As teorias do Yuan Qi e Yin Yang estão bem conectadas na antiga filosofia chinesa. O Zhou Yi – Xi Ci Shang (um capítulo do Yi Jing), afirma que “o Tai Ji (太极) é a origem do mundo e mais tarde produziu duas partes segregadas”. Aqui “Tai Ji” se refere ao Caos sem forma, e “duas partes segregadas” se referem ao Yin Yang.
A unificação do Yuan Qi, Energia primordial, contém as polarizações Yin Yang enquanto as mudanças Yin Yang são o poder inerente do movimento do Yuan Qi.
A teoria dos cinco movimentos/elementos, Wu Xing (五行) faz parte também da filosofia antiga. O “Shang Shu – Hong Fan” (um famoso livro da dinastia Zhou) afirma que “os cinco elementos incluem a Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra. A característica da Água é umedecer e fluir para baixo, do Fogo é aquecer e flamejar para cima, da Madeira é crescer, se expandir e florescer, o Metal se caracteriza por limpar e mudar, e a Terra dar nascimento a todas as coisas pelo plantio e colheita. A umidade e fluxo em descendência gera o sabor salgado; o aquecer e flamejar para cima gera o sabor amargo; o crescimento, expansão e florescimento gera o sabor azedo; a transformação fácil gera sabor picante e o plantar e colher gera o doce”. Acredita-se que tudo que é manifesto na Terra pode ser expresso dentro dos cinco aspectos da filosofia do Wu Xing, as quais são todas conectadas através da ordem inerente e as relações de inter-promoção e inter-ação. As teoria do Yin Yang e dos cinco elementos são as maneiras pelas quais os chineses compreendem os fenômenos naturais.
Com o guiar deste pensamento filosófico o povo antigo chinês acredita que a Terra é um mundo holístico e em constante transformação. Que tudo se interage e está conectado, e que todas as coisas na Terra tem sua origem antes da separação do Caos pelo Yuan Qi, espontaneamente produz e transforma pelo seguimento da lei inerente da mudança Yi ()      -teoria oriunda do livro Yi Jing- proveniente do Yin Yang e cinco movimentos/elementos. Em suma, a totalidade orgânica é inseparável.

Por tudo isso as características fundamentais da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) passa pela “diferenciação de síndromes” ao invés de tratar doenças como a Medicina Ocidental, assim como está solidificada pela percepção da “integração Mente-Corpo”. Estes fundamentos podem ser explicados segundo o professor Shang li da seguinte forma:
1)      É considerado sob o ponto de vista da MTC que os Seres Humanos não são somente “humanos” em significado biológico, mas também um todo orgânico envolvendo “integração céu-homem”, “integração mente-corpo” e “integração natureza-homem”. Enquanto a unidade entre o homem e o Universo é tida como muito importante, o Céu e a Terra são grandes sistemas e o homem é um pequeno sistema. O Micro e o Macro são regidos pelas mesmas leis e são inseparáveis. O nascimento, envelhecimento, adoecimento e morte do homem corresponde à lei da mudança Yi do Céu e da Terra, a saúde ou a doença humana estão associadas com as mudanças Yi da natureza e da sociedade. Atualmente “homem”, pequeno sistema entre o Céu e a Terra também é uma unidade. Céu-Homem-Terra. Cada parte do corpo mantém sua própria função estável através de ação mútua. Qualquer parte ou área só faz sentido quando integrada e entendida como um corpo todo. Desta forma áreas locais são compreendidas como um todo e podem expressar a condição de todo o organismo. Os órgão e vísceras, conhecidos como sistema Zang-fu (脏腑) na MTC, são conectados uns aos outros em estrutura. Por um lado eles são interdependentes e interagem entre si. Por outro lado estes também podem ser afetados patologicamente pelo outro. O homem é considerado como “a função (yang), a estrutura (yin)” e o estado metabólico de um todo orgânico não podem ser representados somente por um órgão, uma célula ou um gen. Cada indivíduo é uma síntese que consiste de seu único Qi e Sangue Xue, Zang-fu, meridianos, líquidos orgânicos, ossos, músculos e pele, e uma parte nunca é o todo apesar de poder refletir o todo.

2)      O mundo e todas as coisas na Terra estão em constante movimento e mudança durante todo tempo. “A única coisa que não muda é que tudo muda”. Isto impacta a vida humana. Isto foi explanado em “Ge Zhi Yu Lun – Xiang Huo Lun” (um capítulo em fogo ministerial sobre a propriedade das coisas escrito Zhu Danxi). O termo médico chinês “síndrome da doença”, Mei ni er shi zheng (美尼尔氏症), refere-se a um completo estado funcional mórbido resultante de fatores desequilibrantes internos e externos os quais podem se transformar com a progressão e mudança na condição da doença. Leva-se sempre em conta a capacidade antipatogênica do indivíduo ou Qi correto, chamada Zheng Qi (正气) Subsequentemente o termo “diferenciação de síndromes” é útil para clarear sobre o estado de saúde e doença proveniente de uma visão dinâmica.
3)      É enfatizada no modelo “integração corpo-mente” que o homem é considerado como uma unidade com coordenação perfeita fisiológica-psicológica, e que a natureza social pode ter grande impacto na mente e no corpo do homem. Consequentemente a MTC propõe um relacionamento mútuo entre mudanças emocionais e fisiologia/patologia. Por exemplo, de acordo com a MTC a emoção do Fígado Gan é a raiva e esta pode lesionar a energia Qi do Fígado. Baseado neste ponto de vista, a terapia de regulação mente-coração Xin, foi criada para prevenir e tratar doenças, o qual pode ser mostrado no “Ling Shu – Shi Chuan” no capítulo 29 do Ling Shu como “é humano temer a morte e ter esperança na sobrevivência, então se o profissional de saúde explica as condições da doença para o paciente de uma boa maneira... mesmo os pacientes mais complicados podem cooperar”.

Há uma grande diferença de entendimento do corpo humano entre a ciência médica chinesa e ocidental. De acordo com o sistema de ciência ocidental, o mundo é uma síntese de substancialidade no qual se enfatiza mais entidades tangíveis e substâncias. Portanto a ciência ocidental mantém que a natureza e a lei de todas as coisas que existem são apenas a relação entre entidades, e a lei é escondida por trás do fenômeno errático. O Espaço é considerado o padrão na Medicina Ocidental. Segundo o professor Dr. Shang Li da Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Shanghai.              

De acordo ao sistema de ciência oriental o mundo é o produto da transformação do Qi, a qual dá mais importância à entidade natural e original, manifestando como processo entre o fenômeno e a natureza e enfatizando em conexão da função e informação. O Tempo é considerado o padrão na MTC. 
MTC e MO desenvolveram ao longo do tempo suas respectivas rotas e formaram diferentes ângulos de observação; MTC presta mais atenção para a relação funcional e MO presta mais atenção a estrutura da substância.; MTC foca na “diferenciação sindrômica” e a MO foca no “tratamento de doenças”. Lembrando que “Síndrome” neste conceito chinês é muito mais que um conjunto de sinais e sintomas mas, principalmente, é a percepção da capacidade inerente do indivíduo de se manter saudável, O Qi correto, Zheng Qi.

Segundo ainda o professor Shang Li há grandes vantagens e desenvolvimento potencial da Medicina Tradicional Chinesa. A despeito do status atual da Medicina Ocidental no mundo, a Medicina Tradicional Chinesa com seus 5.000 anos de história, ainda tem desenvolvimento potencial na teoria e é gradualmente reconhecida pelo mundo por causa de seus diagnósticos e tratamento únicos tão bem quanto sua grande eficácia terapêutica. Forte estatística mostrou que há agora mais de 50.000 instituições de Medicina Chinesa (a grande maioria acupuntura) espalhadas em mais de 130 países do mundo, mais que 100.000 acupunturistas ligados a estas instituições (o que se supõe número muito maior de acupunturistas não ligados a estas instituições) e mais de 20.000 praticantes da Medicina Chinesa fora da China dados de 2007. Em adição a isto a cada ano cresce cerca de 30% de cidadãos nestes países que usam a Medicina Tradicional Chinesa e quase 80% do povo chinês recebe terapias da MTC continuadamente. Focada no “modelo biomédico” a Medicina Ocidental está diante de crescente limitação em seu desenvolvimento. A Medicina Tradicional Chinesa focada no “modelo médico de atividade vital integral”, observação dinâmica e integração corpo-mente, está mais adaptada para o futuro modelo médico “bio-psico-social” e multidisciplinar cada vez mais forte na construção da Medicina do século XXI pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 
Começando pelo entendimento das funções gerais do corpo a MTC provê o desenvolvimento de uma “nova” fonte com tal conhecimento original envolvendo fenômenos da vida como Meridianos e Qigong e estados específicos fisiológicos e patológicos. Tão logo o tratamento seja prescrito a MTC trata o homem holístico, enfatiza a diferença individual e o momento funcional das mudanças e definido o diagnóstico personalizado e sistema terapêutico com considerações das diferenças individuais, tempo e espaço para evoluir a habilidade de auto-defesa e coordenar e restabelecer a capacidade inerente de manter-se saudável, a força anti-patogênica, o Qi correto. Com o princípio de tratamento “tratando a raiz”, a causa do adoecimento e não a doença, a MTC é muito mais apropriada para tratar patologias crônicas tais como doenças imunes, doenças cardiovasculares e desordens metabólicas, além de ser capaz de regular a “sub-saúde” como a síndrome da fadiga crônica. As terapias internas e externas da MTC incluem a Farmaco-fitoterapia chinesa, Acupuntura, Tuina, Qigong e Terapia dietética. Além de grandes efeitos terapêuticos estas terapias podem também evitar a toxidade ou efeitos colaterais das drogas químicas. O sinólogo alemão Porkert disse uma vez que “a MTC funciona maravilhosamente bem no diagnóstico e tratamento de patologias crônicas, além de poder fazer um acurado e específico julgamento em desordens funcionais individualizadas e curá-las. A Medicina Ocidental não pode fazer isto nem de longe”.
Este modelo terapêutico é o ponto forte da MTC o que a capacita entender situações de uma forma compreensiva e holística levando a tratar algumas doenças intratáveis pela MO com etiologia obscura e obter excelentes resultados.

Precisamos ampliar o horizonte e entender que mais do que nunca precisamos, além da Medicina Convencional ocidental e suas diversas classes de saúde, da Medicina Tradicional Chinesa e suas terapêuticas, e incluir terapêuticas de bases integrativas de grande relevância como a homeopatia, Práticas da Meditação, Práticas energéticas, a Medicina Quântica desde que todas tenham um rigoroso sistema de ensino e educação para a formação de profissionais realmente capazes de desempenhar com efetividade tais terapêuticas.


É tão importante lutarmos para a legitimação destas terapêuticas como profissões reconhecidas quanto formarmos bases sólidas para estruturarmos a adequada educação profissional para a necessidade de construção deste novo modelo de saúde para o mundo atual.
A Medicina Vitalista
Dr. Gutembergue Livramento

A antiga, e mais atual que nunca, Medicina Vitalista tem aspectos que são em essência semelhantes á chamada Medicina Quântica e Vibracional modernamente.
A Medicina Quântica, a Medicina Bioenergética e Vibracional traz um novo paradigma, muito mais próximo à forma integral de tratar o ser humano e compreender os sistemas vivos assim como todo o Universo. A Energia primordial de sustentação de toda manifestação em seu equilíbrio dual é conhecida pelos chineses como “Qi” e pelos indianos como “Prana”, a partir de sua cultura e ciência milenares. Os chineses entendem esta dualidade como forças intrínsecas na formação, manifestação e indução do Qi conhecidas como Yin e Yang.

A consciência faz parte constante do movimento de interação e percepção de todas as manifestações. Criamos e recriamos as manifestações continuadamente sejam estas positivas ou não para construção de um mundo e consequentemente de uma saúde.
Há uma Energia que anima as interações eletromagnéticas tendo como resposta a mudança das relações bioquímicas celulares. Nunca fomos um somatório de reações químicas ou mesmo um intrincado mecanismo de peças de uma complexa máquina. Por isso nenhum medicamento ou cirurgia poderá trazer de volta a saúde plena e verdadeira se a única estrutura que atingir for a tecidual e biomolecular. Recuperar a bioquímica ou tecido lesado, apesar de salvar vidas, não é a cura plena e verdadeira. Apesar de muitos falarem e quase ninguém entender o que diz: "é preciso tratar o todo". Este deverá ser o caminho da Medicina do futuro próximo. 

Somos a mesma expressão da imensa capacidade de organização de campos eletromagnéticos que compõem toda e qualquer partícula do Universo. A complexidade se dá pela expressão da consciência capaz de conduzir energias cada vez mais sutis de vibrações semelhantes as mais sutis dos confins do Universo. A doença ou a saúde dependem de muito mais que simplesmente estarmos dentro de um equilíbrio metabólico/fisiológico, mas sim de interações de energias sutis entre cada ser vivo e o Universo integrado por forças que individualizam e ao mesmo tempo concebe a integralidade plena de todas as energias presentes neste Universo e suas diversas dimensões.

É importante entender que a medicina energética não focará necessariamente na doença. O foco estará no indivíduo. E a capacidade do profissional experiente na medicina energética de diferenciar sutilmente cada pessoa e suas particularidades poderá definir o resultado final no caminho da cura. É fundamental aprender a transformar/sublimar a consciência deste indivíduo potencializando-a para poder atuar sobre padrões e síndromes energéticas que certamente direciona a expressão física da vida. A consciência também é uma energia e como tal está totalmente integrada com a expressão de cada célula do corpo humano. Com isto é fácil perceber que a consciência induz a criação e recriação tanto dos aspectos da saúde quanto da doença.

Esperar um comportamento linear newtoniano nos aspectos da saúde humana não é mais condizente, até mesmo para aqueles materialistas. A própria ciência materialista mostrou que o Universo é também linear, mas esta é apenas uma faceta da realidade. Os próprios estudos dos físicos quânticos dos séculos XIX e XX e de Einstein no século XX incluindo a teoria da relatividade, assim como reforçando com a tese de Energia e Matéria terem uma origem comum, abrem caminho para estabelecer uma evolução dos conceitos médicos. A origem comum é a vibração energética fundamental da qual todo ser vivo é formado. A estrutura molecular e química é “apenas” uma pequena expressão de um grande entrelace de complexos campos eletromagnéticos. O funcionamento do ser vivo não é somente o químico, é energia proveniente de campos eletromagnéticos que interagem incessantemente com os campos celestes e telúricos sendo que a partir desta interação suscita reações nos sistemas nervoso, endócrino, imunológico e, como via de trânsito metabólico, o sangue. Não há reação química sem energia. Por exemplo, quando o ambiente está ensolarado ou nublado muda a pressão da atmosfera e isto interfere diretamente em ajustes no sistema nervoso central, o que gera maior ou menor tendência inflamatória ou infecciosa dentre diversos outros fatores.

Quando respiramos ou mesmo nos alimentamos apesar da química do oxigênio, gás carbônico, carboidratos, gorduras e proteínas há entrelaces complexos de toda esta estrutura bioquímica com os campos eletromagnéticos de diversas origens. O que anima a vida não é de longe a química nem suas reações. Há um “sopro divino” alimentando toda a estrutura e a diferenciando daqueles inanimados. As estruturas químicas são uma parte densa que permite o entrelace sutil de substâncias etéreas.

Os ocidentais desenvolveram várias teorias e hipóteses que levaram ao entendimento dos processos bioquímicos e seus metabolismos nos seres vivos. Os orientais, com conceitos filosóficos de síntese como “as leis que regem o microcosmo regem o macrocosmo”, conheceram e dominaram a percepção do fluxo eletromagnético e o sopro que sustenta e anima a vida. Em grande parte este domínio veio através de práticas conhecidas antigamente por Daoyin ou Tu Na, hoje em dia chamados de Qigong (Trabalho e prática sobre o desenvolvimento do Qi). O desenvolvimento da Farmacologia/Fitoterapia antiga, Acupuntura, Tui Na, Dietoterapia, e diversos outros mecanismos de tratamento seguem o mesmo princípio. Por isso fazer acupuntura, por exemplo, não é ter uma agulha na mão. É ter o entendimento do seu paradigma claro e trabalhado no coração/mente.
Muitos no ocidente, pela sua má formação nos conhecimentos da medicina vitalista e, às vezes, somados por grande foco na compreensão ocidental/convencional de saúde, não têm como praticar a verdadeira acupuntura ou Medicina Chinesa. Agulha chinesa na mão, mas um pensamento ocidental na cabeça. Para se exercer a Medicina Chinesa deve agir e pensar dentro de uma ordem de conhecimentos e paradigmas. Para utilizar a Medicina Ocidental/convencional deve ter em mente os conhecimentos e conceitos deste paradigma. Um não compete com o outro. Não se poderá colocar um quadrado dentro de um círculo e estes se ajustarem completamente. Enquanto um batiza as doenças e as trata focada no pensamento materialista linear, outro fala de síndromes energéticas e a justaposição de fatores patogênicos e a reação individual daquele ser vivo com sua constituição energética própria e, por isso, reagindo diferente que todos com o meio interno e externo. O foco da Medicina Chinesa não é a doença e sim a recuperação da capacidade inerente deste indivíduo de se manter saudável, sua força antipatogênica, o Qi correto. Não há doenças incuráveis, há sim, indivíduos incuráveis. Assim percebe a medicina vitalista como a maior parte das medicinas orientais. A Medicina Chinesa é um exemplo deste paradigma.
Neste paradigma o adoecimento é um desequilíbrio energético da interação destes diversos campos eletromagnéticos. A justaposição de fatores patogênicos hereditários, ambientais, alimentares e emocionais alteram estes campos que poderá por fim lesionar a função celular nos seus aspectos bioquímicos e moleculares. Ao redor da célula há água, desde água com substâncias químicas até água estruturalmente iônica. Com isto a “saúde” deste conjunto de água deve ter seus campos eletromagnéticos em equilíbrio. Todos os fatores patogênicos citados anteriormente poderão interferir nestas características dos campos, como consequência alterando diversos processos extra e intracelular como: a comunicação celular com o meio, mecanismos intrínsecos na formação e estruturação de proteínas (desde a transcrição genética até mecanismos do complexo de golgi e de transporte), receptores de membrana, permeabilidade da membrana, mecanismos de mensageiros, etc. Com isto a célula poderá sofrer de mecanismos de degeneração ou até mesmo de excesso de metabolismo e diminuição da excreção de catabólitos. Adoecerá.

Apesar de tudo isto a medicina convencional no ocidente continua por estabelecer regras cirúrgicas e medicamentosas com a expectativa de reparar o funcionamento do corpo humano e sua saúde como se este fosse uma engrenagem, uma máquina, e um conjunto de ajustes químicos com reações lineares observados controles iniciais do sistema nervoso central. Classifica-se como uma medicina “Não-Vitalista”. Isto da ação do cérebro também acontece, mas é apenas uma faceta da realidade. O fato é que isto não estabelece a verdadeira cura como ser integral que é o ser humano. Mantendo o fator de desordem energética (tratado pelo conceito da medicina “Vitalista”) o organismo frequentemente mudará de nome da doença, mas, permanece doente de maneira latente.

Linearmente e mecanicamente se pensa que é solução grampear o estômago ao invés de reestruturar a alimentação e a consciência do processo da obesidade mesmo que haja hoje indícios importantes do adoecimento destes indivíduos pós-operados da “redução do estômago” com patologias autoimunes, depressão e outros. Sendo que outros voltam a se tornar obesos.
Assim como se pensa que a cura dos males da alma e do pensamento que geram depressão e outros desvios psíquicos poderão ser tratados aumentando com drogas a reserva de serotonina na fenda sináptica sem se focar que a serotonina é 95% fabricada nos intestinos e tem o aminoácido triptofano como estrutura principal. Será que não está ligada a fatores dietéticos, emocionais e ambientais? Será que o problema é a serotonina?
A ideia mecanicista é tão violenta que se faz uma máquina de hemodiálise para substituir a “máquina dos rins” que não funciona e espera que o corpo não tenha impactos energéticos, emocionais e outros ainda mais sutis. Estas reações são ignoradas.
O pensamento é se algo na engrenagem não funciona substituímos a peça.
Outra situação é o profissional chegar para uma mulher e tentar convencê-la de uma histerectomia afirmando para ela o porquê que ela quer continuar com o útero se não terá mais filho.
A Medicina Ocidental convencional é uma das únicas ciências na atualidade, se não a única, que não modificou seus paradigmas centrais apesar de toda a evolução de conceitos da física e da biologia energética com comprovações importantes (usando a própria ciência ocidental) da não linearidade das manifestações do universo, novos condicionantes da percepção da relação tempo-espaço, da unidade mente-corpo, da causalidade, dentre outros.
Não há nenhuma medicina melhor que outra em seus atributos e limites operacionais. O que se necessita é unir o antigo e o novo criando uma forma adequada de beneficiar o mundo com sua nova demanda e necessidade e tornar o conhecimento universal e não mais somente chinês, ocidental, japonês, indiano, inca, maia, asteca, indígena. Já perdemos muito com isso. Tanto as medicinas vitalistas quanto as não-vitalistas são importantes para o mundo atual e trazem conhecimentos e experiências muito importantes. O objetivo é criar um novo paradigma para que possamos utilizar ambos os ganhos em prol da humanidade.
Situações como o imperialismo das indústrias farmacêuticas, que lhes é útil manterem o paradigma, a noção de autossuficiência do profissional de saúde, principalmente os médicos, impedem a mudança de paradigma da medicina apesar de todas as evidências da relação não linear e a interferência dos campos eletromagnéticos na “matéria”. É comum nas faculdades de medicina a regra que somente médicos ministram aulas para médicos. Até o projeto de lei do Ato Médico contém esta estupidez. É necessário cada vez mais que competentes físicos, engenheiros e biólogos estejam ensinando e reensinando à classe médica e paramédica a evolução dos conceitos da biologia e da física em sua compreensão do Universo e suas leis. Como a compreensão quântica e vibracional dos processos energéticos. Hoje conhecimentos como a nanotecnologia, células-tronco, medicina quântica e outros estão transformando a forma de pensar sobre saúde e nossa condição neste Universo. Um dia quem sabe poderemos ter aulas de música, práticas corporais e outras artes dentro das universidades de saúde. Se a consciência não se transformar nada se transformará. A medicina também é uma arte. Apenas técnicos não serão suficientes para a evolução para um novo mundo.

O Brasil sofre de uma estrutura de país pobre com filas imensas se formando para receber, via de regra, um mau atendimento no sistema público de saúde e ao mesmo tempo prolifera a condição de patologias crônicas que é uma realidade de país rico. Com o paradigma vigente não há profissionais suficientes nem em número nem em qualidade para o enfrentamento desta grave situação. Para piorar a situação projetos de lei como o Ato Médico propõe ainda mais uma reserva de mercado para o médico no Brasil. Cada vez menos faculdades de medicina tem permissão para serem abertas, muitas que estão abertas têm um ensino questionável para as necessidades atuais. Ao invés de mudar este quadro o governo decide trazer médicos estrangeiros para atender uma população carente do interior do Brasil, sem falar a língua do nativo nem entender das necessidades do povo. Outra estupidez. Enquanto cada um está pensando em si e não na atual e futura realidade do sistema de saúde do Brasil estaremos fadados ao fracasso. Mais do que nunca precisamos de uma equipe multiprofissional com dinamismo, bem preparada e com autonomia suficiente para gerir esta condição gravíssima pela qual passa o país e grande parte do mundo. Deve ser investido na formação adequada não somente de médicos, mas sim de todos profissionais de saúde para que gere suporte transformador neste estado de calamidade atual e se pensamentos de reserva de mercado for adiante o futuro será ainda será mais caótico.

Devemos ter uma ampliação do uso de tratamentos hoje chamados de integrativos e complementares no SUS como a Medicina Chinesa/Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia dentre outras. Mas é importante regulamentar o exercício do profissional de Acupuntura/Medicina Chinesa no Brasil para que tenhamos formação competente embasada pelo verdadeiro conhecimento chinês, pois, apesar de reconhecido pela OMS, a acupuntura no Brasil ainda é uma colcha de retalhos com muitas escolas não atendendo ao padrão chinês de medicina criando paradigmas ocidentais para sua utilização como acontece muitas vezes na atualidade e criando subtítulos absurdos para reserva de mercado como “Acupuntura médica” e outros esvaziados dos princípios que regem uma medicina vitalista como a chinesa. Só há uma acupuntura que é a tradicional chinesa, mas é muito bem vindo quando uma grande Escola faz sua releitura sem perder a essência das tradições chinesas, como “Acupuntura Japonesa”, “Acupuntura Coreana”, “Acupuntura Bioenergética”, pois a clínica médica assim como o ensino e pesquisa da medicina chinesa precisa evoluir. Seu princípio fundamental é ser uma medicina vitalista onde o Qi é o fomento inicial de organização e controle sobre os sistemas nervoso, endócrino, imunológico e sangue. Isto faz da Medicina Chinesa uma medicina Energética em essência mesmo que todos os conhecimentos atuais sejam também valorizados e aceitos dentro de certa realidade parcial, que é o estudo biofísico, anatômico e fisiopatológico focados em sua característica linear. Se este princípio vitalista é abalado usar o nome Acupuntura (como Acupuntura Médica, Acupuntura fisioterápica, Acupuntura odontológica, etc.) é uma afronta à inteligência e desenvolvimento de uma rica cultura que está à frente em conceitos e ideias não lineares a milhares de anos. Acupuntura não é colocar agulhas para tratar doença dentro do paradigma biomédico ocidental. Independente de sua eficácia em certos casos isto é apenas um agulhamento e chamar de Acupuntura é se utilizar de um nome milenar e de sucesso na atualidade para enganar a população menos informada.

Toda profissão tem que ter sua regulamentação e isto não exclui o médico, pelo contrário. Mas não é admissível andar na contramão da história de evolução para que haja uma regulamentação da profissão do médico com prejuízo das conquistas de outros profissionais de saúde e, principalmente, do país e sua gente.

O médico perdeu parte de seu status e certamente de seus ganhos financeiros, pois, entre outros motivos, iniciando com parte da descrença da população mundial neste paradigma (cirurgia ou droga) ainda há formação de outros profissionais de saúde com capacidade de fazer o que só o médico fazia, mas não é na base da “canetada” e do lobby político sujo que haverá recuperação disto. Nunca mais terá o mesmo status de outrora, isto é fato. Os tempos são outros.

Há um grande espaço de trabalho aberto e ainda sem concorrência para todos aqueles que queiram se tornar muito bem sucedidos, principalmente para aqueles que sejam mais corajosos, antenados e dispostos a mudar seu paradigma. O “novo mundo” precisará destes profissionais para entrar em uma nova dimensão da compreensão da saúde e bem estar. O mundo está em transformação e aqueles que perceberem verdadeiramente isto não há concorrentes suficientemente competentes hoje no mercado de trabalho seja o indivíduo um médico, fisioterapeuta, engenheiro, biólogo, etc.

Aprenda profundamente o conhecimento necessário, sem se limitar necessariamente às áreas específicas da sua profissão, e mude seus velhos paradigmas lineares pois estes não são adequados com o futuro da humanidade. Não há conhecimento oriental nem ocidental, antigo ou moderno; há um conhecimento universal. Abra seu coração/mente e será o primeiro passo para mudarmos toda a concepção e realidade atual para a construção de um mundo digno de se viver. Há espaço profissional e possibilidades de saúde e bem estar para todos. Está a maioria brigando pelo que já está parcialmente falido. Há que nascer um novo paradigma.

Professor Gutembergue Livramento
Mestrado em Medicina e Saúde Humana (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública)
Especialista em Medicina Chinesa

Diretor do IBRAPEQ (Instituto Brasileiro de Ensino e Pesquisa em Qigong e Medicina Chinesa).